domingo, 7 de agosto de 2011

O BICHO FOLHARAL

Minha avó era uma exímia contadora de histórias. Por isso eu e meus primos sentávamos ao lado dela à noite para ouvi-la contar mais uma. Dessa vez foi a história do bicho folharal.

Segundo ela, havia um macaco e uma onça que viviam em constante estado de alerta, pois um queria ser mais esperto do que o outro para, no momento oportuno, abocanhar um ao outro. Contudo fingiam-se de amigos, na verdade se tratavam de compadre e comadre.

O compadre macaco, certa feita, preparou uma armadilha para a comadre onça. Fez um buraco em frente da casa dele e se fez de desavisado para atrair atenção da "amiga".

Essa, ao observar que o seu compradre estava numa posição de desatenção, não hesitou em correr em direção a ele pronto para dar-lhe "um abraço". Não esperava, no entanto, que tudo não passasse de uma armadilha na qual caiu direitinho.

Ao se ver presa no buraco, comadre onça começou a chorar e a pedir que seu compadre a tirasse daquela situação.

Compadre macaco, embora desconfiado, ficou com dó da comadre e prometeu tirar-lhe, o que aconteceu após várias tentativas.

Comadre onça, ao se ver livre da armadilha, olhou para o compadre com tanta fúria, e dessa vez não procurou escondê-la. Saiu em disparada atrás do compadre macaco, que já estava atrás de uma árvore. Este sumiu das paragens e a onça nunca mais o viu.

Tempos depois aparecia na vizinhança um animal bastante estranho, autodenominado bicho folharal. Ninguém sequer imaginava que se tratava do compadre macaco disfarçado debaixo de muitas folhas coladas com uma espécie de resina conseguida na mata.

Até hoje a comadre onça está à espera de seu compadre para acerta as contas com ele.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O HERÓI DA CIÊNCIA*

José era visto pela vizinhança como um rapaz muito estranho. Todas as tardes quando chegava da escola ia embrenhar-se na floresta. Ficava horas a fio ouvindo o canto dos pássaros e o ruído de outros animais que habitavam aquelas matas.

Os pais de José ficavam preocupados ao vê-lo não se importar com coisas que a maioria dos jovens de sua idade gostava: festas, conversas com moças e rapazes do lugarejo em que vivia. Ele já contava 15 anos.

O rapaz só tinha olhos para uma caderneta marrom que guardava a sete chaves em sua gaveta. Vez por outra acrescentava na tal caderneta um dado novo e novamente a escondia.

Era fascinado por animais e plantas e sonhava um dia, quando adulto, trabalhar no Museu Goeldi. Os poucos momentos em que passava em casa, gastava-o assistindo a documentários sobre a vida de animais e plantas.

Os animais também pareciam gostar dele. Sempre que o viam, demonstravam, de alguma forma, que estavam contentes com sua presença.

Conhecia um por um os habitantes daquelas matas e até nomeou alguns que lhe eram mais chegados.

 Bom dia, d. Capitu, disse para a anta, que parecia também vir cumprimentá-lo.

 Como vai, seu Donato, falou para o quati, que sempre se aproximava quando sentia sua presença.

Certa vez, no meio da mata, ouviu um canto diferente do que se acostumara a ouvir. Era um pássaro novo que se mudara para aquelas paragens. José não perdeu tempo, foi logo saber de quem se tratava.

Mesmo quando pescava, ou fazia alguma outra atividade na mata, sempre ficava atento para um ruído novo.

Num Sábado pela manhã, José entrou cedo na floresta e, à tardinha, quando normalmente retornava para casa, não apareceu.

Pela manhã, os vizinhos puseram-se a procurá-lo. Tudo em vão. Retornaram a busca no dia seguinte. Já quando estavam desistindo da busca, encontraram-no rodeado de alguns animais, todos com ar de tristeza. José estava agonizante. Fora atingido por uma bala de algum caçador inescrupuloso. Horas depois estava morto. Antes de morrer, porém, pediu que não jogassem ou rasgassem aquela caderneta. Era muito importante para ele. Seus pais assim o fizeram.

Alguns anos depois, quando a população já nem lembrava mais daquele moço estranho, apareceu uma equipe de pesquisadores para fazer um levantamento daquela mata. Tomaram conhecimento da tal caderneta de anotação de José.

Diante do que viram, ficaram extasiados.  Este jovem fez um levanta-mento minucioso da fauna e flora locais. Os pesquisadores fizeram um estudo do material e, um ano depois, saía uma publicação com os dados que José trouxera à tona.

Aquele moço estranho passou a ser visto como um exemplo de dedicação à ciência e seu nome foi lembrado para batizar aquele bosque. Dizem que até hoje pode-se ouvir o choro dos animais com saudades de José.

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* COSTA, Lairson. Insanidades.Belém: L & A Editora, 2003.

ASSOMBRAÇÃO?

Meu pai me contou essa história acontecida quando ele tinha aproximadamente sete anos.
Como nossa casa ficava ao lado da casa de minha avó, que por sua vez ficava ao lado da casa de minha tia, a parentada toda se reunia à noite para conversar no grande terreiro formado por nossas três casas.

Numa dessas noites, meus avós deixaram meu pai dormindo sozinho em casa. De repente, ouviram um barulho de choro aterrorizante. Era ele que se assustara com alguma coisa que no momento não fora identificada. Como meu pai continuasse em estado de choque e chorando muito, minha bisa, que era rezadeira, começou a dar-lhe passe para que ele se acalmasse.

Depois desse acontecimento e cessado o choro, todos foram dormir.

Qual não foi a surpresa quando pela manhã a vizinha chega perguntando se alguém da família havia visto um papagaio que fugira durante a noite.

Ao ouvir a vizinha contar esse desaparecimento, logo perceberam que o que papai havia visto, e dado como assombração, não passara de um papagaio fugido que fizera barulho e com isso o assustara. Todos começaram a rir e até hoje essa história é contada por meus tios.

sábado, 7 de maio de 2011

ANIVERSÁRIO DA REVOLBANDA

Convidamos a todos para o grande evento em comemoração ao primeiro aniversário da Revolbanda, que acontecerá no dia 25 de junho, a partir das 19h30, no ginásio da Escola Batista do Benguí.

Além da Revolbanda, teremos a participação do Ministério de Louvor do Catalina II e do DJ Silas Som.

Estamos preparando um evento muito especial para você. Participe!

Os ingressos antecipados custarão apenas dois reais e darão direito a sorteio de um celular, uma bicicleta e um televisor. Em breve divulgaremos os locais de venda desses ingressos.

Segue abaixo o endereço do site das duas músicas que já estão tocando nas rádios.

http://www.recantodasletras.com.br/audios/cancoes/40649

http://www.recantodasletras.com.br/audios/cancoes/40648



HISTÓRICO

Diferentemente do que podem pensar alguns, a Revoldanda não é uma banda de revoltados, mas um ministério de louvor composto por jovens que se porpoõem a ser revolucionários na obra de Deus por meio da música. Surgiu na Igreja Quadrangular do Catalina II sob a liderança de Mateus Costa, vocalista da banda. Além dele fazem parte do grupo Farias, no contrabaixo; Leo, na bateria; Júnior, na Guitarra; Lucas, no teclado; e Pedra, nos metais.

A banda começou cantando músicas de cantores nacionais, principalmente forró e suingueira. Exemplo disso é a música "Adorador" - Banda Louvadaê.

Agora a banda já está com 25 músicas autorais, sendo que duas delas já estão tocando nas rádios de Belém: "Tó com você" e "Firmado na Rocha". Os compositores são Mateus Costa e Renato Ferreira, que também é responsável pela coreogragia do grupo que vai se apresentar com a Revolbanda no show: Taíssa e Raíssa.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Dia 23 de abril, realizaremos na Praça da Matriz de Mosqueiro, a partir das 19 horas, o projeto "Poesia e rios de livros na praça". Será um evento lítero-musical, com exposição de livros, varal de poesia, fotograrias etc. Às 18 horas, concentrar-nos-emos no local onde está sendo construída a Biblioteca de Mosqueiro - ao lado da Escola Inglês de Souza -, para daí sairmos em cortejo poético para a Praça da Vila.

Você que é poeta, escritor, cantor, compositor etc. não pode faltar.

domingo, 27 de março de 2011

O REI DO NORTE

SOU LEÃO DO NORTE,
SOU BRAVO,
SOU FORTE.
ENFRENTO A BATALHA,
NÃO FUJO DA LUTA,
GUERREIRO EU SOU.
NÃO ME ASSUSTAM ÁGUIAS,
PANTERAS, GALOS, MAPARÁS,
TARTARUGAS E DRAGÕES.
NÃO TEMO LOBISOMEM, MULA-SEM-CABEÇA,
CURUPIRA E COBRA-GRANDE,
QUE DIRÁ BICHO-PAPÃO!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

UMA EXPERIÊNCIA E TANTO


Por conta da interdição por que passa o aeroporto de Itaituba, a viagem até o município precisa ser feita até Santarém, de onde se pega um ônibus e depois um barco para chegar ao município considerado o segundo mais importante da Região do Tapajós. A viagem de ônibus pode durar de 8 a 12 horas, de acordo com a maior ou menor intensidade de chuva na região.
Na ida levamos cerca de nove horas e meia e a viagem, embora com as trepidações devido aos inúmeros buracos da estrada, não apresentou nada de anormal.
A volta, com a chuva torrencial que durou várias horas em Itaituba, já tinha sido anunciada como difícil. Mas ainda assim estava otimista de que não aconteceria o que muitos diziam: - tivemos que ajudar a empurrar o ônibus para tirar ele do atoleiro.
Lá pelas onze horas nos deparamos com uma cena que, segundo os moradores locais, é constante naquelas paragens quando chove: uma ponte quebrou por não suportar o peso de um caminhão com sua carga. A carroceria do veículo ficou totalmente tombada.
Restavam-nos duas alternativas: esperar a chegada de outro ônibus vindo de Santarém e fazer a troca de passageiros – o que deveria acontecer lá pelas tantas da madrugada – ou “encarar” o pequeno e arriscado espaço que sobrava entre o caminhão e uma espécie de vala e mato. Após “criterioso” estudo dos motoristas – um deles portava uma lanterna que mal se comparava à iluminação proporcionada por dez vaga-lumes – e dos vários “especialistas” passageiros de plantão, o ônibus partiu para a aventura de atravessar aquele obstáculo.
De repente o veículo ficou tão inclinado que ameaçava virar em cima da carroceria do caminhão. Foi então que os motoristas convocaram os homens para literalmente apoiarem o veículo para que não virasse. Lá fomos nós para o cumprimento da tarefa. O ônibus passou e não tocou, como se pensou, o caminhão.
Para nossa surpresa o ônibus ameaçou a virar para o outro lado. Agora os motoristas então nos pediram para apoiá-lo do outro lado. Confesso que me acovardei. Pensei: - Se virasse para cima do caminhão não nos afetaria, mas se virar para o outro lado dificilmente escaparemos. Lembrei de um velho ditado que a mãe de um amigo meu vivia repetindo ao filho: “Mais vale um covarde vivo do que um herói morto”.
Dois dos bravos passageiros quase são jogados vala abaixo. Felizmente o ônibus passou vitorioso debaixo dos aplausos de todos.
Ufa! Que alívio.
Depois do caso passado, vejo que mesmo com todos esses atropelos valeu a pena conhecer Itaituba. Não vou esquecer daquela orla e daquele rio maravilhosos, onde tomei tacacá e mingau de banana e também fiz caminhadas.
Relatei este fato para chamar a atenção dos que estão em eminência no município e no estado a fim de tratarem melhor essa cidade tão bela e de darem aos seus habitantes condições de viajar para os municípios mais próximos, e aos turistas o prazer de desfrutar de uma terra rica em belezas naturais.

Lairson Costa

HISTÓRIA DE MENTIROSO

Ele era considerado o cabra mais mentiroso da redondeza. Embora sabendo que eram mentiras, muitos se ajuntavam em torno dele para ouvir os famosos causos.

Desta feita, ele saiu-se com essa:

- Certa vez, quando vinha das bandas de Itaituba para Santarém, atolei numa região famosa pelo número de onças que ali habitava. Tinha tanta onça, mas tanta onça que a noite ficava iluminada pelo grandes olhos desses animais. Como sabia que poderia virar jantar se saísse do carro aquela hora, tranquei-o muito bem e me fingi de morto até adormecer.

Quando acordei, meio atordoado ainda, pensei que estava chovendo, pois vi os dois parabrisas do carro indo de um lado a outro. Quando abri mais os olhos percebi que eram duas onças sentadas em cima do capout balançando o rabo. Com o susto, dei várias buzinadas. As danadas correram em disparada. Pra minha sorte, logo apareceram dois veículos que me ajudaram a sair daquele atoleiro. Ufa! Foi um susto e tanto.

Quem sou eu

Belém, Pará, Brazil
Professor de Língua Portuguesa do Instituto Federal do Pará e Revisor de Textos da Universidade Federal do Pará. Especialista em Teoria Literária e aluno do Mestrado em Linguística/UFPA. Recebeu o prêmio Jabuti em 2001 como editor do livro "A Família Canuto e a Luta Camponesa na Amazônia", de Carlos Cartaxo. Autor dos livros Insanidades, Mosqueiro em Versos, Mosqueiro – Pura Poesia, CEFET – História que inspira poesia, Contando Histórias, Tênis de Mesa no Pará (coautoria com Mauro Macedo), Orientações para a produção textual... (coautoria com José dos Anjos Oliveira), Igreja do Evangelho Quadrangular..., Um Encanto de Ilha e Instituto Federal do Pará: 100 anos de educação profissional. Lançou os CDs Tributo a Mosqueiro e Um Encanto de Ilha.