sábado, 12 de fevereiro de 2011

UMA EXPERIÊNCIA E TANTO


Por conta da interdição por que passa o aeroporto de Itaituba, a viagem até o município precisa ser feita até Santarém, de onde se pega um ônibus e depois um barco para chegar ao município considerado o segundo mais importante da Região do Tapajós. A viagem de ônibus pode durar de 8 a 12 horas, de acordo com a maior ou menor intensidade de chuva na região.
Na ida levamos cerca de nove horas e meia e a viagem, embora com as trepidações devido aos inúmeros buracos da estrada, não apresentou nada de anormal.
A volta, com a chuva torrencial que durou várias horas em Itaituba, já tinha sido anunciada como difícil. Mas ainda assim estava otimista de que não aconteceria o que muitos diziam: - tivemos que ajudar a empurrar o ônibus para tirar ele do atoleiro.
Lá pelas onze horas nos deparamos com uma cena que, segundo os moradores locais, é constante naquelas paragens quando chove: uma ponte quebrou por não suportar o peso de um caminhão com sua carga. A carroceria do veículo ficou totalmente tombada.
Restavam-nos duas alternativas: esperar a chegada de outro ônibus vindo de Santarém e fazer a troca de passageiros – o que deveria acontecer lá pelas tantas da madrugada – ou “encarar” o pequeno e arriscado espaço que sobrava entre o caminhão e uma espécie de vala e mato. Após “criterioso” estudo dos motoristas – um deles portava uma lanterna que mal se comparava à iluminação proporcionada por dez vaga-lumes – e dos vários “especialistas” passageiros de plantão, o ônibus partiu para a aventura de atravessar aquele obstáculo.
De repente o veículo ficou tão inclinado que ameaçava virar em cima da carroceria do caminhão. Foi então que os motoristas convocaram os homens para literalmente apoiarem o veículo para que não virasse. Lá fomos nós para o cumprimento da tarefa. O ônibus passou e não tocou, como se pensou, o caminhão.
Para nossa surpresa o ônibus ameaçou a virar para o outro lado. Agora os motoristas então nos pediram para apoiá-lo do outro lado. Confesso que me acovardei. Pensei: - Se virasse para cima do caminhão não nos afetaria, mas se virar para o outro lado dificilmente escaparemos. Lembrei de um velho ditado que a mãe de um amigo meu vivia repetindo ao filho: “Mais vale um covarde vivo do que um herói morto”.
Dois dos bravos passageiros quase são jogados vala abaixo. Felizmente o ônibus passou vitorioso debaixo dos aplausos de todos.
Ufa! Que alívio.
Depois do caso passado, vejo que mesmo com todos esses atropelos valeu a pena conhecer Itaituba. Não vou esquecer daquela orla e daquele rio maravilhosos, onde tomei tacacá e mingau de banana e também fiz caminhadas.
Relatei este fato para chamar a atenção dos que estão em eminência no município e no estado a fim de tratarem melhor essa cidade tão bela e de darem aos seus habitantes condições de viajar para os municípios mais próximos, e aos turistas o prazer de desfrutar de uma terra rica em belezas naturais.

Lairson Costa

HISTÓRIA DE MENTIROSO

Ele era considerado o cabra mais mentiroso da redondeza. Embora sabendo que eram mentiras, muitos se ajuntavam em torno dele para ouvir os famosos causos.

Desta feita, ele saiu-se com essa:

- Certa vez, quando vinha das bandas de Itaituba para Santarém, atolei numa região famosa pelo número de onças que ali habitava. Tinha tanta onça, mas tanta onça que a noite ficava iluminada pelo grandes olhos desses animais. Como sabia que poderia virar jantar se saísse do carro aquela hora, tranquei-o muito bem e me fingi de morto até adormecer.

Quando acordei, meio atordoado ainda, pensei que estava chovendo, pois vi os dois parabrisas do carro indo de um lado a outro. Quando abri mais os olhos percebi que eram duas onças sentadas em cima do capout balançando o rabo. Com o susto, dei várias buzinadas. As danadas correram em disparada. Pra minha sorte, logo apareceram dois veículos que me ajudaram a sair daquele atoleiro. Ufa! Foi um susto e tanto.

Quem sou eu

Belém, Pará, Brazil
Professor de Língua Portuguesa do Instituto Federal do Pará e Revisor de Textos da Universidade Federal do Pará. Especialista em Teoria Literária e aluno do Mestrado em Linguística/UFPA. Recebeu o prêmio Jabuti em 2001 como editor do livro "A Família Canuto e a Luta Camponesa na Amazônia", de Carlos Cartaxo. Autor dos livros Insanidades, Mosqueiro em Versos, Mosqueiro – Pura Poesia, CEFET – História que inspira poesia, Contando Histórias, Tênis de Mesa no Pará (coautoria com Mauro Macedo), Orientações para a produção textual... (coautoria com José dos Anjos Oliveira), Igreja do Evangelho Quadrangular..., Um Encanto de Ilha e Instituto Federal do Pará: 100 anos de educação profissional. Lançou os CDs Tributo a Mosqueiro e Um Encanto de Ilha.